O Centro de Formação do INDEG / Iscte foi o terceiro edifício a integrar o Complexo do Iscte. Da autoria do arquiteto Raúl Hestnes Ferreira, é composto por dois corpos retangulares, ligados entre si por um elemento cilíndrico de união, única superfície curva projetada em todo o campus. Neste volume localiza-se a entrada principal e o átrio de duplo pé-direito, que se espraia por uma escada de desenvolvimento circular. Enquadram-na duas paredes concêntricas rasgadas por triângulos invertidos que abrem a perspetiva do olhar exterior e filtram a luz natural.
Situam-se, no piso de entrada, os serviços logístico-administrativos, a área de documentação, o auditório e gabinetes dos docentes e de trabalho de grupo. O piso superior, composto por salas de aulas, teve alterações posteriores projetadas pelo arquiteto Raúl Hestnes Ferreira, para a introdução de um restaurante (em 2000/2001) e de gabinetes, uma sala de reuniões e respetivas áreas de apoio (em 2005).
Em 1993, a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu uma Menção Honrosa do Prémio Valmor ao edifício do INDEG.
O Centro de Formação do INDEG (Instituto para o Desenvolvimento da Gestão Empresarial) / Iscte é o terceiro edifício a integrar o Complexo do Iscte e, apesar de isolado dos restantes e com uma imagem que acentua a sua autonomia, mantém uma estreita relação física com os anteriores, estando na proximidade da Ala Autónoma.
Este edifício, concebido posteriormente ao da Ala Autónoma (embora construído antes), é de certa forma uma simbiose dos dois edifícios anteriores do Complexo, pois, com base em dois prismas articulados por um corpo de base cilíndrica, concilia a regularidade do edifício inicial do Iscte com a diversidade expressiva da Ala Autónoma, manifestada nas aberturas e varandas, mas, sobretudo, no corpo de entrada, limitado pela localização periférica duma escada de acesso circular.
A importância do Corpo cilíndrico da Entrada do INDEG é acentuada por se tratar da única superfície curva que surge em todo o conjunto do Iscte. O sistema de aberturas triangulares adotado, corresponde a um “momento especial” na criação de vínculos.
Estava previsto que o edifício fosse construído com paredes de betão branco, mas dificuldades surgidas na adjudicação da empreitada motivaram a opção por paredes de alvenaria revestidas com mosaico vidrado, infelizmente mal aplicado e sem os melhores resultados quanto à sua manutenção. Em fase posterior de obras de ampliação do edifício, parte desse revestimento, nomeadamente na superfície cilíndrica do Corpo de Entrada, foi substituído por pequenos mosaicos de pedra.
Átrio e Circulações
A entrada, situada em frente da Ala Autónoma, insere-se na superfície circular do Corpo que separa os dois volumes prismáticos do edifício, um deles com sala de convívio e auditório no piso térreo e aulas no piso elevado e o outro com gabinetes, biblioteca e salas de estudo.
O fragmento de cilindro que define o Átrio do edifício é constituído por uma escada circular, situada entre duas paredes concêntricas, que separam o átrio propriamente dito do exterior, coando a luz natural através de aberturas triangulares. Este percurso em espiral, de acesso desde o exterior ao meio piso superior, também limitado por uma plataforma circular, confere um carácter especial a um espaço de grande simplicidade na sua génese.
Tanto no piso inferior como no superior, se definem acessos verticais alternativos, situando-se no paralelepípedo a sul, de maior dimensão, uma escada unidirecional, que posteriormente permitiu o acesso a um novo corpo, o do restaurante.
Restaurante: 2000-01
O funcionamento desta instituição foi exigindo sucessivas alterações e acrescentos para lhe facultar todos os apoios necessários, nomeadamente com a definição de espaços em cave, destinados ao sector de informática e, posteriormente, com a criação de uma zona de restauração no terraço do corpo sul, a partir da sua escada central.
Com base no acesso através da escada central, o restaurante estruturou-se, com apoio da cozinha a norte, em dois espaços simétricos, a sudeste e a Sudoeste, com características diversas, sendo um deles mais formal, para serviço de almoços e jantares, e o outro de caracter informal, para apoio aos cursos de pós-graduação do INDEG, com um horário mais dilatado.
Ambos os espaços são diretamente acessíveis quer pela escada quer pelo elevador do edifício, possuindo também uma ligação direta ao terraço da cobertura deste corpo sul, utilizado como esplanada.
Construtivamente, para além da caixa central que contém a escada de acesso ao restaurante, que prolonga a estrutura inferior do edifício, em betão, adotou-se uma estrutura metálica, que sustenta a cobertura em cobre.
Gabinetes: 2005
Anos após a construção do restaurante na cobertura do corpo sul do INDEG, foi decidido, tendo em conta os constrangimentos de espaço existentes no edifício, a programação de uma Biblioteca na cobertura do corpo norte, que permitiria a libertação do espaço que agora ocupa, no piso 2 do corpo sul.
Posteriormente foi verificado que, com o desenvolvimento do processo de digitalização da documentação e sua acessibilidade do exterior, não se justificava a criação duma biblioteca com maiores dimensões que a atual, sendo mais lógico utilizar o espaço da cobertura, a norte, para implantar um conjunto de gabinetes, com áreas de apoio e uma sala de reuniões.
A fim de simplificar as circulações existentes no edifício e tirar maior benefício do elevador existente, optou-se por garantir uma ligação entre o espaço a sul (onde se situa o restaurante) e a nova área de gabinetes a norte, programando-se apenas uma nova escada de acesso à área de gabinetes. A definição dessa escada no corpo norte, iniciando-se no piso superior do átrio de entrada, a que se acede pela escada circular já referida, obrigou a uma pequena expansão horizontal da zona central do edifício para nascente, criando um espaço no piso 2, para arranque da nova escada, e espaços idênticos nos dois pisos inferiores, para apoio das zonas anexas.
Dado que a forma construtiva deste piso de gabinetes é similar à adotada no corpo sul, constituída por uma estrutura metálica, considerou-se que essa opção devia ser acentuada nos próprios pormenores dos novos espaços, coexistindo com a madeira que lhes garante o necessário conforto. Assim, quer a escada de acesso, quer as caixilharias, e os pormenores de vãos e rodapés interiores, utilizam o metal e a madeira, na sua caracterização.
Texto em ‘ver mais’ retirado de Raúl Hestnes Ferreira, Arquitectura e Universidade – Iscte, Lisboa, 1972-2005 (aceder doc).
VIDEOS
Arquitectura do Iscte (aceder vídeo)
Programa apresentado por Manuel Graça Dias sobre arquitetura dedicado ao edifício da Ala Autónoma do Iscte e Centro de Formação do INDEG/Iscte, da autoria do arquiteto Raúl Hestnes Ferreira, maqueta, pormenores arquitetónicos, fachada e interior, declarações do próprio e do arquiteto Paulo Varela Gomes.
Arquivo da RTP. Ano: 1994 Duração: 00:23:35
PUBLICAÇÕES
Centro de Formação do INDEG/Iscte – Lisboa
Jornal Arquitectos,, nº138-139, p.42. Data: 1994-08.
Instituto para o Desenvolvimento da Gestão Empresarial, in Premio Valmor 100 anos
Autor: José Manuel Pedreirinho. Edição Pandora, Lisboa. Data: 2003.
Imagens texto © Fundação Marques da Silva, Arquivo Raúl Hestnes Ferreira
Entrada principal INDEG (1991-1995). Nº de registo: PT/FIMS/RHF/0226-fotoINDEG10.
Hall INDEG (1991-1995). Nº de registo: PT/FIMS/RHF/0226-fotoescadaria entrada.
INDEG, Gabinetes (2005). Nº de registo: PT/FIMS/RHF/0225-fotoINDEG 017.